Izabel Sadalla Grispino *

Rubem Alves

A boa escola fala a língua de seus alunos. Na boa escola, cada aluno é respeitado por sua individualidade. As aptidões são respeitadas. Se o aluno gosta de esportes, de participar de competições esportivas, terá oportunidade de praticá-los; se gosta de arte, de música, se quer ser um artista, poderá desenvolver seu talento, encontrando campo apropriado; se tem tendência literária ou científica, encon-trará, nessa linha, significativos desafios, condições para participar de olimpíadas culturais. Se for uma escola de ensino médio e quer se aprofundar nos estudos, além das possibilidades relacionadas acima, o aluno encontrará um currículo montado para prepará-lo, seriamente, para o exame vestibular.

É a escola da individualização da interatividade, a escola da responsabilidade, aliada à escola do prazer, do desenvolvimento das potencialidades. Essas são as escolas que mais se aproximam do aluno e o colocam no mundo de hoje, estruturado em suas próprias bases, estruturado na escola do pensar.

O grande educador Matthew Lipiman diz: “O pensamento está se tornando o verdadeiro fundamento do processo educacional e a educação construída sobre qualquer outra fundação será superficial e estéril”. O pensamento desenvolvido leva à vocação, leva à realização interior. Antes de colocar a educação numa vala comum, é recomendável examinar cada indivíduo, cada anseio, cada desejo em-butido na personalidade. Escola é um suporte pedagógico vital para o crescimento individual, crescimento de valores voltados ao ser singular.

A boa escola orienta os alunos em métodos de estudo, ensina aprender a aprender. A dedicação, por exemplo, é considerada o grande método para quem deseja aprender. Ensina que ser dedicado significa trabalhar alguma coisa com determinação para atingir o objetivo. A motivação é uma grande aliada da dedicação e ela vem de várias maneiras, visto que cada aluno capta melhor o conteúdo de forma diferente. Há alunos que aprendem todo o conteúdo em sala de aula, outros necessitam revisar a matéria em casa, outros precisam de reforço. Assim, a escola deve observar o ritmo, o perfil de cada aluno para um melhor aprendizado.

A escola não pode deixar de entender e trabalhar, também, os transtornos da aprendizagem, desde a educação infantil. A criança, ao se incorporar à sociedade, ao mundo da cultura, do saber, das emoções, deve desenvolver, conjuntamente, sua auto-estima, sentir-se verdadeiramente capaz. Um importante passo para desenvolver a auto-estima é a aceitação das diferenças entre as pessoas. Acei-tação por parte de quem ensina e de quem aprende, respeitando as manifestações individuais, as características pessoais, criando, desse modo, um bem estar geral.

A escola e a família não devem desencorajar a criança, a ponto de prejudicar-lhe o processo de desenvolvimento da auto-estima, quando, então, a criança se tornará um adulto incapaz de responder, adequadamente, ao convívio social, incapaz de encarar o insucesso, e partir para novas situações, no-vas experiências. Importante salientar que a criança é um ser biopsicossocial, cujas interações são de grande complexidade. Situações positivas de interação social favorecem, como explica a ciência, a pro-dução de neurotransmissores cerebrais e a formação de sinapses indispensáveis à aprendizagem.

Uma criança com dificuldade na aquisição do conhecimento, na leitura, na escrita, na matemática, na linguagem ou outras disciplinas, deve ser avaliada por um conjunto de fatores, como por suas poten-cialidades, seus limites, mas dentro do enfoque contextualizado da sua família, da escola e da sociedade. Estes contextos, bem entendidos e bem trabalhados, ajudam na diminuição das alterações na aquisição do conhecimento, especialmente quando se observa a questão do desenvolvimento da auto-estima. Não se pode ignorar a influência do contexto sobre os transtornos de aprendizagem.

Nas dificuldades de aprendizagem deve haver uma preocupação com as ações preventivas e pre-coces, dentro de um enfoque global, abrangendo os diferentes meios em que a problemática se apre-senta. Deve-se ir além da avaliação centrada unicamente nos transtornos de aprendizagem de seus alunos, trabalhando as relações mais amplas desse aluno em seu contexto familiar, social e educacional. Conhecer a realidade do aluno, seu modo de vida, sua família, seu círculo de convivência, são caminhos para a superação desses transtornos.

A boa escola não vira as costas para essa abrangência de situações, ampliando suas possibilidades de atuações, potencializando os resultados de sua intervenção. A boa escola prepara o aluno para responder às exigências do momento atual, tendo a preocupação de desenvolvê-lo dentro de suas ca-racterísticas pessoais, de dar às novas gerações uma boa formação científica e humanística, respeitando os padrões de qualidade.

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