Izabel Sadalla Grispino *

Analfabetos funcionais, são pessoas com mais de 15 anos, que estudaram menos de quatro anos e têm dificuldades para entender um simples texto, um manual de orientação. São incapazes de usar o que aprenderam na escola, de usar a leitura, a escrita, a matemática, em situações do cotidiano.

Os poucos anos de escolaridade não os tornaram capazes de assimilar e desenvolver habilidades práticas, desenvolver a capacidade de compreender e interpretar textos.

Até os anos 60, considerava-se alfabetizada a pessoa que sabia ler e escrever, ao nível necessário do seu convívio social. A partir dessa data, surge um novo conceito de alfabetização, no qual o conhecimento está atrelado ao desenvolvimento de habilidades práticas, úteis ao cotidiano. Hoje, considera-se que há diversos tipos de alfabetização relacionados às habilidades desenvolvidas pelo indivíduo, habilidades que se refletem em sua capacidade de trabalho.

Idealizam-se grandes mudanças, mas esquecem-se de sua preparação no tocante à prática de ensino, esquecem-se da necessidade de trabalhar a mentalidade educacional do professorado, que muda bem mais devagar que os princípios inovadores. É preciso cuidar dos professores se realmente se quer inovação.

A escola passa por uma crise no processo pedagógico; tem dificuldade em encontrar uma resposta técnica para os novos problemas trazidos pelos alunos, em decorrência da nova transformação social. Os problemas sociais se alastram, o ensino fundamental vem se universalizando, colocando na escola alunos dos diferentes extratos sociais. As salas de aula vão se avolumando, com superlotação e com falta de métodos apropriados para lidar com as classes numerosas.

O maior indicador dessa crise é a evasão escolar ou a aprovação generalizada, sem qualificação, mediante baixa exigência, perpetuando o analfabetismo funcional. Saber ler e escrever é o grande fator da integração e da comunicação entre os diversos níveis sociais. Diminuir a concentração de renda, tão marcante no País, manter a perspectiva de uma sociedade mais justa, passam, impreterivelmente, pela sala de aula.

A crise da escola pública vem se alongando, criando, nos jovens, uma imagem negativa, que buscam descartar o magistério como profissão. Esse fato começa a preocupar os estudiosos da educação, que prevêem uma possível falta de pessoal para lecionar, no dia de amanhã. 

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